Tuesday, May 08, 2012

Irlanda entre os melhores países para se tornar mãe

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A organização não-governamental Save the Children publicou hoje um ranking dos melhores países do mundo para se tornar mãe. A Irlanda ficou em 9o lugar enquanto o Brasil ficou em 54o. Dez posições atrás de Cuba, que ficou em 44o.

Alguns amigos e parentes já brincaram comigo para eu voltar para o Brasil por causa da recessão européia que atingiu a Irlanda de cheio há mais de 2 anos. Nunca respondi às brincadeiras porque a resposta envolve comparar a vida na Irlanda com a do Brasil e todos eles estão no Brasil. 

A questão é que mesmo durante a recessão as pessoas aqui tem saúde de graça de qualidade, se quiserem ou precisarem. É claro que a saúde na Irlanda não é perfeita. Entretanto os órgãos que monitoram os pacientes nas emergências do país afora, por exemplo, controlam de perto o número de pessoas esperando por um leito. Se alguém é atendido na parte pública do hospital é um escândalo nacional. 

Não existe o problema de pacientes não operados por falta de material como normalmente ocorre no Hospital Universitário de Brasília. Cito este hospital, pois sou de Brasília e acompanho as notícias de lá com frequência. 

Finalizando a questão da saúde, pode-se resumir que a diferença entre o Brasil e a Irlanda é que no primeiro país há um descaso geral, digo de políticos e de certos médicos que discriminam os pobres, somado à corrupção que desfalca os cofres públicos e consequentemente  afeta a saúde. Já na Irlanda o problema maior é a administração dos hospitais. 

Quanto à benefício social decorrente do nascimento de um bebê, na Irlanda, todas as mães recebem cerca de R$355 por mês. E o mais importante: este dinheiro vale cerca do triplo [do que no Brasil] porque itens para bebês e crianças são isentos de VAT, que corresponde à 23% sobre a maioria dos produtos e serviços.

Para você ter uma idéia, hoje mesmo compramos uma caixa com 87 fraldas Active Fit tamanho 5+ da Pampers por R$38. No Brasil sai por quase R$100.

Como já falei da existência de saúde pública para todos, você já deve subentender que o pré-natal, parto e permanência no hospital após o parto são gratuitos. E uma parteira ainda faz duas visitas a nova mamãe quando esta volta para a casa. Entenda parteira como uma profissional qualificada que chega a realizar o parto normal no hospital se não há complicações. Já tirei dúvidas com a nossa duas vezes por sms. Sim, Olivia é fantástica.

Há ainda uma série de benefícios sociais para ajudar os pais a comprarem uniforme e tênis para escola (veja Angela Ashes e verá a pobreza da Irlanda no passado) e outros mais, mas apenas para quem precisa. Não para todos. E quando a criança chega na idade escolar frequenta a escola de graça. 

Apenas pelo ponto de vista de uma mãe ou pai você já entende que mesmo em recessão a Irlanda é um país que objetiva a igualdade social. A questão é que aqui o bem estar da criança é levado bem mais à sério e isto tem uma série de implicações positivas nas vidas dos pais. Sobretudo acredito que em geral os pais são menos estressados e tem mais condições de passar mais tempo com os seus filhos. Existe creches (pagas) também, mas o suporte governamental dá mais condições para que pelo menos um dos pais não terceirize a criação dos filhos. 

Da mesma forma que as crianças são mais respeitadas, as mães (ou pais) que optam ou tem que cuidar deles são valorizados. Não é incomum mães de classe média abrirem mão de suas carreiras para cuidar de seus filhos ou trabalharem meio périodo (4 horas) para não verem seus filhos criados por terceiros. 

Agora você entende porque eu nunca respondi as brincadeiras? A verdade parece uma crítica ao Brasil e aos pais no Brasil. No que se refere ao governo brasileiro, eu digo que sim. No que se refere aos pais, não porque eles são vítimas de toda uma estrutura que não escolheram. 

Hoje o Brasil pode ser financeiramente mais rico que a Irlanda, mas em termos sociais não há comparação. A Dilma ainda tem muito trabalho pela frente. Felizmente ela está mudando a mentalidade de alguns já.

Este post foi escrito por impulso, após ler a matéria do Opera Mundi. Bem, a maioria dos meus posts são assim. Se não for assim não escrevo. O último foi há 1 mês!