Sunday, May 29, 2011

Kit pró-desorientação sexual - Probabilidade

Quando o narrador conta que Mateus resolveu contar ao amigo Leonardo que é gay e que Leonardo agiu como se nada tivesse acontecido, eu, me colocando no lugar de uma criança, entenderia que isso é um comportamento normal e civilizado. 

Se o vídeo Probabilidade, do suposto kit-antihomofobia, tivesse encerrado no terceiro minuto - "e os dois continuaram a ser tão amigos quanto antes" - eu concordaria em chamá-lo de um vídeo anti-homofobia. O vídeo ía mais ou menos bem até então, embora tenha quase dado a entender que ter um amigo com os mesmos gostos implica em ser gay.

Passado o terceiro minuto, o narrador diz que Leonardo ficou muito confuso ao ter tido vontade de beijar Rafael, primo de Leonardo. O vídeo indiretamente 'ensina' que ficar confuso ao querer beijar o amigo é o sentimento esperado nesse caso.

Entretanto, o narrador deveria ter sido claro e ter dito que Leonardo teve vontade de beijar Rafael na boca (é um pouco gráfico, eu sei, mas não foi minha a idéia de iniciar esta campanha). Como não o fez levanta dúvida na cabeça da criança. Beijar um amigo no rosto é sinal de afeto, não de orientação sexual. Por essa e por outras chamo o kit de kit pró-desorientação sexual. 

Além disso, o narrador fala que a outra causa da confusão de Leonardo é a ¨atração" que ele sentiu pelo novo amigo. Será que toda criança sabe diferenciar o sentir-se bem ao lado de uma pessoa agradável de atração? Se a criança nunca tiver sentido atração por alguém antes pode ficar confusa. Na tentativa de ser moderno o vídeo falha pelo descuidado na escolha das palavras. 

E para deixar as crianças ainda mais perdidas, ao final, o vídeo mostra que Leonardo, assim como no começo do vídeo, está interessado numa menina de novo. O vídeo ensina que não é apenas perfeitamente aceitável que ele namore meninos e meninas, mas que isso é na verdade ótimo, pois assim Leonardo está menos propenso a ficar sozinho. 

Só há um probleminha: se uma das pessoas que Leonardo se interessar for monogâmica, isso não será considerado normal. Além do que é difícil de conceber uma criança preocupada com a probabilidade de passar o resto de seus dias sozinha. Isso é uma preocupação, para algumas pessoas, durante a vida adulta.

Pode-se dizer que a cartilha anti-homofobia não respeita as pessoas monogâmicas ao sugerir que é normal namorar meninos e meninas ao mesmo tempo. Para uma pessoa monogâmica não se trata de orientação sexual, mas de fidelidade. Obviamente, o vídeo não deu nenhuma importância ou sequer sugeriu esta probabilidade para as crianças. Ele só levou em consideração os desejos de um bissexual. 

Poderiam ao menos ter aconselhado as crianças a sempre deixar a sua orientação sexual clara se for namorar duas pessoas ao mesmo tempo. E por que não contar a história de uma criança heterossexual para fixar a idéia de que há diferentes estilos de vida?

Convenhamos, bastava fazer um vídeo que incentiva as crianças a respeitar as diferenças: o mais gordo, o mais pobre, o deficiente físico ou mental, o velho, o soropositivo, aqueles que gostam de pessoas do mesmo sexo (ou de ambos) e aqueles que agem como se fossem do sexo oposto. Ou seja, a respeitar o próximo independentemente de sua orientação sexual ou o que quer que seja! 

Querer impor o modo de vida de uma minoria sobre o da maioria não dá certo. O oposto também não, mas não é novidade. Digo, os heterossexuais que querem pregar que o 'normal' é ser heterossexual e que todos aqueles fora desse grupo são enviados do Satanás que conscientemente escolheram sua orientação sexual para destruir as famílias, espalhando assim o mal (parece enredo de ficção científica, eu concordo). 

O normal é cada um cuidar das suas próprias atividades sexuais e a Igreja não querer adentrar as quatro paredes das casas alheias ou interferir na aquisição dos direitos de terceiros!