Friday, April 04, 2008

Parto Normal 1 x 1 Cesária


Entrar na sala de cirurgia de cesária é muito mais impactante que na sala de parto normal. Talvez porque antes temos que colocar jaleco e touca na cabeça e nos pés, o que dá um ar de seriedade, e porque há muito mais pessoas envolvidas.

Na ante-sala de cirurgia, o anestesista irlandês tentou introduzir uma agulha na mão da paciente. Ele não encontrou uma veia ali, e, então, a colocou no braço mesmo (para receber soro).

Em seguida, entramos na sala de cirurgia. Uma anestesista mulçumana (com turbante na cabeça e só com os olhos de fora) colocou outra agulha nas costas da paciente. Não chamaram a anestesia de epidural (em Inglês), ou seja, peridural, mas de spinal.

No parto normal, que presenciei em setembro, deram a peridural depois de falarem sobre os riscos e efeitos colaterais. Já hoje não falaram nada. Deduzi que a spinal é menos perigosa.

Enquanto a spinal era injetada eu estava sentada ao lado da parturiente. Imaginei que ali ficaria no caminho dos médicos e bem de frente à cirurgia, então perguntei logo se era ali que eu ficaria e, felizmente, me colocaram sentada logo atrás da cabeça dela. O pano que separava sua cabeça da parte inferior do corpo também tamparia a minha visão da cirurgia. 

Antes mesmo da cesária começar a paciente começou a tremer o queixo e ficou pálida, daí lhe deram uma máscara de oxigênio, mas sua pressão e batimento cardíaco estavam bem. Ela devia estar com medo, pois nas duas cesárias anteriores os médicos, no Brasil, a colocaram para dormir.

O obstetra menos simpático das consultas pré-natais, apareceu por lá. Ele desfilou entre as duas enfermeiras indianas e as demais, irlandesas. O anestesista explicou que alguém iria limpar "a área lá em baixo". Isso feito o anestesista disse que ela sentiria puxadas. A operação começou e a parturiente fez tantas caras de dor que nem parecia que tinha recebido anestesia. Demorou cerca de 20 minutos para a menina nascer. E que menina linda! Quem a trouxe ao mundo foi o coreano mesmo, que tinha um certo ar de "sou Deus". Eu mesma esqueci que ele é curto e grosso e achei ele poderoso.

Levaram outros 20 minutos para costurar e terminar. Nesse meio tempo ouvimos algo caindo com força no chão: era uma enfermeira estudante. A equipe médica prosseguiu como se nada tivesse acontecido (mas a retiraram da sala e a colocaram numa maca na ante-sala).

O pai da bebê entrou na sala um pouco antes da cirurgia começar. Ele é boa pessoa, mas ele não entrou no clima, não sofreu junto, como o pai da nenêm do parto normal. Dou um desconto para ele, pois é o terceiro bebê deles, enquanto que o do pai do parto natural era o primeiro.

Nem a mãe nem o pai da nenêm derramaram uma lágrima quando ela nasceu, então não seria eu quem o iria fazê-lo. A engoli e os acompanhei até a sala de recuperação (recovery room) onde fizeram o contato pele com pele entre mãe e filha. Novamente, não percebi muita emoção por parte da mãe. A impressão que tive é que eu fiquei mais encantada com a menina que ela. Talvez a minha presença os deixou um pouco tímidos. Não sei.

Ficamos ali uns 30 min. até ela voltar para o quarto (comunitário - com 4 grávidas separadas por cortinas). Foi muito interessante ter podido acompanhar uma cesariana sem complicações, assim como foi o parto normal.